RESPOSTA DE UM NEOBOBO AO EXCELENTISSIMO SR. EX-PRESIDENTE, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.
RESPOSTA DE UM NEOBOBO AO EXCELENTISSIMO SR. EX-PRESIDENTE, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.
por: Valquirio de Magalhaes Barbalho. (blog.: https://val51mabar.wordpress.com/)
Recebi de terceiros o artigo: “SEM MEDO DO PASSADO” de alegada autoria do excelentissimo sr. ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso. O artigo que recebi, como o recebi, esta copiado abaixo. Como avisam os acrescimos ao texto, parece que o artigo foi publicado nos grandes jornais: “ESTADO DE SAO PAULO” e “O GLOBO”, em 10.10.10. Conservei ate mesmo as provocacoes acrescidas pelos terceiros, as quais, pelo baixo nivel, sei nao serem de autoria do ex-presidente.
Aviso aos navegantes que a pecha de “vermelho” nao caiu aqui. Eh que, acredito: antes de tudo somos verde, amarelo, azul e branco. Militemos ou nao em quaisquer partidos politicos.
Comecando entao o que tenho a dizer. Houve ditador presidente no Brasil que disse preferir “cheiro de cavalo do que cheiro de povo”. Houve presidente no Brasil que falou que tinha “um pezinho na cozinha”. E tem presidente no Brasil que tem cheiro de povo. Portanto, eh natural a preferencia do povo por esse ultimo. Nao devemos inveja-lo.
Antes que eu entre no assunto propriamente dito, eu preciso contar uma historia. A minha historia. Que se confunde com a Historia do Brasil Contemporaneo. Alias, eh preciso que eu a inclua porque sou de corpo e alma “da cozinha”. Provavelmente, jamais terei oportunidade de ser publicado pelas maiores tribunas da Republica Federativa do Brasil. Nao as culpo. Nao sou “flor que se cheire”.
Nasci e fui criado na pequena cidade de Virginopolis. Ela ja teve algum significado politico e economico num passado muito distante. Mas caiu no rol das esquecidas. Adormeceu por quase um seculo. Gracas aa boa orientacao familiar, fiz meus estudos e dirigi-me a Belo Horizonte para trabalhar e estudar. Como meu pai fazia qualquer sacrificio para dar estudo aos filhos, fui para Vicosa-MG em 1980 onde, a seguir, ingressei na Universidade Federal de Vicosa. Formei-me em 1987, depois de percalcos, como medico veterinario.
Formado, como diz o ditado: “a mare nao estava para peixe”. Por falta de emprego, comecei a dar aulas de biologia, quimica e geografia, nos cursos de II grau em Divinolandia de Minas e Virginopolis. Dar aulas nao era o meu maior problema. Eu gostava e os alunos gostavam de mim. O problema tornou-se o salario. Recebia o equivalente a US$ 130,00/mes por aulas noturnas ja que durante o dia tomava conta de uma fazenda.
Nisso comecaram a fazer uma certa reforma educacional. Por coincidencia, o nosso governador era o sr. Eduardo Azeredo, eleito pelo PSDB. Estabeleceu-se que para melhorarmos os nossos salarios precisariamos fazer cursos etc e tal. Os cursos eram dados em cidades distantes, gratuitos, exceto pelas despesas serem por nossas contas. Pensei comigo: Nao posso largar o outro servico, nao me deram a chance de provar que tenho conhecimento mais que o suficiente para dar essas aulas, e ainda querem que eu compre os meus proximos salarios! Igualaram a todos pelo pior nivel.
Nesse tempo, ja estavamos na fase critica da Historia Brasileira. O ex-presidente Collor foi defenestrado, assumiu o sr. Itamar Franco que, com os poderes de presidente, canetou o Plano Real, elaborado pela equipe do, entao, sr. presidente da Republica Federativa do Brasil. Eu sempre acho uma certa falta de reconhecimento e agradecimento o esquecimento desse pequeno detalhe pelos grao-duques do tucanato!…
Tenho que ser justo. O passo seguinte em minha vida foi dado sem maiores ajudas dos tucanos. Eu proprio decidi casar-me e emigrar para os Estados Unidos. Poderia ter ficado e ate, se quizesse, nem casado. Porem eu estava querendo resolver a vida um pouco mais rapido do que o Brasil dos tucanos me poderiam oferecer. Eles tinham sido eleitos para, via Plano Real e o endosso do sr. presidente Itamar, exercer o cargo mais importante do pais.
Estabeleci-me nos Estados Unidos, desde dezembro de 1993. Ja existiam alguns milhares de brasileiros por aqui. Principalmente da mesma regiao mineira que eu. Eh publica e notoria a evasao dos chamados valadarenses que, muitas vezes, nasceram em cidades menores da regiao, foram para aquela cidade ainda criancas nos anos 60 e 70 e, posteriormente, ja apelidados de valadarenses, emigraram para o exterior. Em resumo, nessa epoca, encontravamos uma ou outra pessoa de outras regioes do Brasil.
Tinhamos o padre e a familia dele que sao do Rio Grande do Sul alem de um colega de trabalho, alguem de Brasilia, um ou dois catarinenses, poucos goianos, talvez um conhecido capixaba, um ou outro nordestino que nao da para especificar quais estados. A comunidade brasileira ja estava comecando a ser notada mas nao era tao grande a ponto de a gente nao ter alguma referencia que nos ligasse uns aos outros. As vezes encontravamos com uma pessoa desconhecida mas logo descobriamos que frequentava a mesma igreja ou trabalhava no mesmo lugar que algum conhecido nosso.
Antes que eu me esqueca. Quem sofreu muito com essa mudanca foi minha esposa. Ela jamais tinha ficado longe da familia. Chorou por varios anos com saudades da desta e somente tinha planos para investirmos no Brasil, com a finalidade de voltarmos assim que pudessemos. Eu pensava completamente diferente. Pedi a ela que investissemos aqui mesmo, livrassemos do aluguel e passassemos a pagar prestacao do que fosse nosso. Quando decidissemos ir embora, vendessemos. Ela nao queria nem ouvir falar no assunto.
Quatro anos depois de estarmos trabalhando ilegalmente nos Estados Unidos apareceu-me a chance de legalizar via trabalho. Minha esposa quase se separou de mim por eu pensar num absurdo desses. Queria voltar logo para o Brasil. Eu tambem queria mas fazer o que? Eu perguntava. Nada me vinha aa cabeca.
Eram os primeiros anos do Plano Real. A coisa parecia promissora. Muita gente estava retornando, porem, 100 vezes mais estava chegando. Quando chegamos para aqui, assistiamos as missas na primeira metade dos bancos da igreja. Toda vez o pe. Roque pedia a alguns para juntar-se aos da frente, porque tinha espaco sobrando e para que ficassemos mais juntos. Ao fim dos primeiros quatro anos do Plano Real, a igreja comportava os presentes mas nao sobravam mais bancos vazios.
Mesmo a contragosto de minha esposa eu apliquei para a legalizacao. Esta foi aprovada quatro anos depois. Em novembro de 2001 recebemos o green Card (identidade de imigrante). Em dezembro nos viajamos ao Brasil durante as festas de fim de ano, para rever as familias e festejar as bodas de ouro de meus pais. Por tudo o que vimos, minha esposa arrependeu-se de nao ter me ouvido. Viu que a pobreza continuava a mesma ou tinha piorado. Decidiu investir nos Estados Unidos.
Com isso, se animou a trabalhar mais e concluiu que seria melhor ficarmos aqui porque ja estavamos estaveis e daqui poderiamos ajudar aos que estavam no Brasil. Inclusive dando apoio financeiro e logistico aos nossos parentes que estavam vindo.
No ano seguinte, a lua de mel do tucanato com a populacao veio a acabar em divorcio. O presidente Lula foi eleito.
No inicio de 2004 eu voltei ao Brasil. Minha esposa tinha ido no meio de 2003 e nao tinha mudado de ideia em relacao ao Brasil. Nao pude fazer maiores observacoes. O novo governo ainda era recente. E eu estava la para fazer uma cirurgia de catarata, o que foi feita com sucesso. Inclusive tive que fazer a correcao de uma outra que havia realizado aqui nos Estados Unidos. Mas isso nao vem ao caso.
Voltamos ao Brasil em julho de 2009. Dessa vez tudo estava bem diferente. Ora, quem antigamente se dizia que nao podia andar nem de bicicleta, agora esta andando de carro ou moto. As ruas das pequenas cidades que viviam vazias, agora nao param de passar veiculos. A juventude toda carrega seus celulares. Muita gente tem computador em casa. Claro, reclamacoes ainda existem. Tem muita coisa a ser feita.
O que mais chamou a atencao, no sentido positivo, eh que as pessoas nao falam mais em vir para o exterior tao facil. Muitos querem mas ponderam antes. Ate quatro anos atras, quando os jovens completavam 18 anos e tomavam posse de seus documentos ja falavam logo em emigrar para o exterior. Rio, Sao Paulo, Belo Horizonte, Governador Valadares e Brasilia que outrora fora o sonho de consumo dos jovens tinham perdido seus statuses de progresso para Miami, Lisboa, Boston etc.
Porem, o mais importante de tudo, eh que estes mesmos jovens agora so falam em fazer faculdade. Coisa rara na minha epoca que somente acontecia dentro de classes mais favorecidas ou sob a orientacao de pais abnegados. Faculdades estao espalhadas por todo canto. Ate em minha cidade natal tem uma. Incipiente eh claro. Precisa ser melhorada sim. Porem, ser melhorada eh muito melhor do que ser criada somente no papel.
Agora, em setembro de 2010, voltei rapidamente ao Brasil. Observei que a leva enorme de imigrantes que fugiu das agruras da crise economica que se abateu sobre os Estados Unidos, para retornar ao torrao natal, esta se adaptando bem. Esta encontrando o seu lugar. Muito diferente do periodo do ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso. Normalmente, as pessoas iam para experimentar e, no mais tardar 2 anos depois retornavam a emigrar. Quanta gente fez a viagem vinda, volta, vinda!…
Inclusive, hao inumeros casos de pessoas legalizadas e duplo-cidadas que estao voltando para testar. Se der certo ficarao. Se nao, o caminho estara aberto para essas. Mas todo mundo esta apostando em ficar definitivo.
Se eu for comparar meu curriculo com o do professor, dr. e ex-presidente, sera ridiculo. O dele eh mais gabaritado que o meu. Eu apenas me formei. Ele chegou a ser professor da Sorbonne. Ele foi exilado, e com isso teve todas as regalias e simpatias dos governos estrangeiros o que, nos anos 70, era moda. Eu nao fui atingido pelo policiamento imigratorio em nenhum momento, mas nao me arrisquei um segundo para ver o que acontecia. Ele sempre teve escrivaninha para trabalhar. Eu vim para fazer limpezas, desde a de latrinas ate mesas de restaurantes.
Agora passo a ater-me ao texto atribuido ao ex-presidente. Ele acusa o presidente Lula de “inventar inimigos” e atribui a ele algo de egocentrismo. A verdade eh que todos temos um pouco disso. O que foi dito do presidente Fernando Henrique eh que dele era enorme. Porem, inventar inimigo nao eh propriamente a definicao que eu daria ao caso.
Sem querer ensinar ao professor. Vejamos bem. Se dois times entram em campo de futebol nao dizemos que ali entraram inimigos. Mesmo que as torcidas se engalfinhem depois em brigas estupidas. Ali encontramos adversarios. O mesmo se da em jogos de cartas. Quando jogamos no mesmo time somos parceiros, os do time contrario sao adversarios. Muitos dos meus amigos sao meus adversarios.
Ha uma situacao, porem, que atrapalha a amizade. Eh quando o amigo esta jogando no time adversario e comeca a dar rasteiras nos outros, no futebol, ou comeca a roubar, no carteado. Ali a amizade pode ate nao acabar mas a confianca cai muito.
Parece que com a introducao do ex-presidente ele esta alienado do atual e de outros processos eleitorais. Olha, muito antes do Tribunal Superior Eleitoral ter aberto a temporada de caca aos votos do plebe brasileira eu recebi diversos e-mails contendo ofensas explicitas ao presidente Lula e aa candidata indicada por ele. A propria grande imprensa brasileira noticiou que a Coligacao a favor da d. Dilma errou em nao levar em conta essa propaganda baixa e rasteira que vem acontecendo ha mais de ano. Isso, sem contar com aquele golpizinho sujo de colocar religiao e falsas acusacoes em vespera do dia de eleicoes. O pior eh que o candidato do PSDB eh tao culpado quanto ela da mesma acusacao.
Quem se apossou da paternidade do Plano Real foi o PSDB e nega que ele comecou no governo Itamar.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quer fugir do conceito “neoliberal” que usou no proprio governo. Talvez o governo nao estivesse estagnado no final do governo dele, como ele defende, porque governos na verdade nao ficam estagnados. Governos sao exercidos por diretores, ou presidentes, porem com o uso do trabalho do funcionalismo publico. O governo nao estava estagnado. A economia sim, estava parada, quase morrendo. Isso pode ser constatado pelo fervilhar da imigracao que recebemos aqui nos Estados Unidos nos quatro ultimos anos da administracao do ex-presidente e que, naturalmente, continuou no primeiro pleito do presidente Lula. A sangria ja tinha sido produzida pela ma conducao do Plano Real e nao havia como para-la imediatamente.
Vamos entao, aas privatarias. Eu nao sou economista, portanto, nao vou abranger tudo o que deveria. Mas parece que o ex-presidente nao eh e nem foi tocado na pele pelos efeitos dela. Eh verdade. Alguma coisa precisava ser privatizada. Nao creio que alguem discorde disso. Mas a privatizacao inconsequente eh um dos conceitos que justificam o nome de neoliberalismo, ou seja, diminuir o maximo possivel o tamanho do Estado, deixando nas maos privadas todo o file mignon.
Excelentissimo sr. ex-presidente, o sr. caiu no conto do vigario e nao se inteirou disso ate agora. As grandes corporacoes mundiais adorariam que o Estado fosse cada vez mais minimo. Para que pudessem agir exatamente como agiram aqui nos Estados Unidos antes da atual recessao economica. Os grandes empresarios queriam que as empresas fossem tao grandes e economicamente tao podorosas que eles poderiam fazer o que quizessem. Nao estavam especulando com dinheiro. Especulavam com a vida das pessoas. E mais, se tornaram grandes demais para que o governo as pudesse deixar quebrar.
O sr. nao viu mas foi isso mesmo que aconteceu por aqui. O sr. nao sentiu porque a administracao do governo Lula tinha preparado um colchao para amortecer essas intemperies. O mesmo colchao que sua equipe poderia ter produzido e nao produziu nas vezes em que os terremotos atingiram o mundo durante suas gestoes. Os Estado Unidos continuam em recessao sr. ex-presidente, o Brasil nao. Se o problema tivesse atingindo o Brasil, da forma como atingiu os Estados Unidos, hoje nos nao teriamos Petrobras, Vale do Rio Doce, BB, BNDS, Caixa Federal, e nada. O Brasil nao teria o dinheiro suficiente para salvar as instituicoes publicas nem as privadas. Elas teriam ido para o buraco, junto com vossa excelencia.
A administracao Obama teve que injetar trilhoes de dolares nessa economia falida, fruto de falcatruas de irresponsaveis, porque se ele nao fizesse isso o pais inteiro quebraria. E o sr. sabe quantos CEO’S foram presos por essa pilantragem toda? Nao neh? Eu tambem nao mas desconfio que nao foi nenhum. E a populacao aqui esta por conta porque quem perdeu o dinheiro das aponsentadorias foi ela e, por isso, esta se crucificando o presidente Obama, juntamente conosco imigrantes.
O resultado dessa traquinagem toda eh que a administracao Obama esta revertendo parcialmente as teorias neoliberais e os paises do mundo inteiro decidiram adotar regulamentacao mais dura para tentar evitar nova lambanca.
Sr. ex-presidente, o sr. vai me desculpar mas as ideias de privatizacao de tudo foi o seu grande erro. Me pareceu ideia de gente preguicosa. Do tipo que pensa: Olha, mexer naquilo ali vai dar muito trabalho, entao, vamos privatizar porque a gente passa para os outros esta obrigacao. Vamos passar o trabalho para as maos dos outros. O problema foi nao ter pensado nas consequencias.
Se a Vale esta recolhendo mais impostos do que oferecia dividendos aos contribuintes, temos tambem que descontar o numero de desempregos que a privatizacao causou. E mais, se esta pagando mais impostos eh porque estava sendo mal administrada anteriormente. A solucao nao passava necessariamente por privatiza-la e sim por trabalhar melhor. Ora, os trabalhadores que permaneceram foram os mesmos que trabalhavam antes. Entao, nao era que eles nao soubessem fazer o trabalho melhor. A direcao anterior eh a unica que deveria ter sido exonerada.
Eu me lembro da privatizacao do sistema Telebras. Por um lado ha que se reconhecer que deu acesso a grande parte da populacao aa telefonia. O problema foi o seguinte, tornou o telefone acessivel a todo mundo. Porem, com o engessamento dos salarios, o povo passou a ter um gasto a mais. Assim, aquele salariozinho que ja era miudo ficou menor para outras despesas. Claro, o povo pensou apenas que ia poder usar o telefone dentro de casa. Quando notou que ia gastar mais que podia, continuou com o telefone mas comprou cadeados para impedir o uso. Uma parte da conta chegou ao nosso bolso sr. ex-presidente. A gente mandava dinheiro para ajudar os parentes.
A telefonia, os celulares e a internet so puderam ser usados com mais frequencia depois que o salario minimo passou a ganhar maior poder de compra. O cadeado continua ainda funcionando, porem esta um pouco mais flexivel.
Sr. ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, a sua privataria fez a fartura dos ricos com o que faltou aos pobres. Alguns de meus parentes sao funcionarios em Brasilia. Eu me lembro bem do desespero deles por causa dos anos em que os salarios ficaram congelados.
O temor que tomou conta dos mercados em meados de 2002 nao se deveu em momento algum a bravatas do PT ou do Lula. Ele aconteceu em funcao das eleicoes que iriam acontecer e foi alimentado pelo proprio PSDB que, furtivamente, anunciava que se o PT ganhasse ele iria exterminar o Plano Real. Alias, o que aconteceram nao foram bravatas, foi terrorismo mesmo. E voces se igualaram ao ex-presidente defenestrado Collor que na noite do ultimo debate apontou o dedo para o, entao, adversario Lula e disse: “Ele vai tomar a caderneta de poupanca de voces.” E quem tomou?!…
Se houve algum momento de bravata na Historia Contemporanea Brasileira mais recente ela aconteceu na eleicao anterior. Naquela em que o sr. foi reeleito. No tempo anterior aa reeleicao comprada, todos os economistas honestos estavam falando que a taxa do dolar estava supervalorizada e que o Real precisava ser desvalorizado. Mas a sua administracao a segurou, sob pena de colocar toda a economia e o proprio pais em risco, para ser reeleito. Logo depois das eleicoes a equiparacao foi corrigida. Mas ate la, muita gente ja havia quebrado e continuou quebrando. O sr. nao se lembra mas quem quebrou a primeira vez nunca esquece.
Nao vou comentar o que o Jose Eduardo Dutra disse a respeito da Petrobras. Se a quebra do monopolio dela foi uma boa para o pais, tambem temos que lembrar que a propria Margareth Tatcher reconheceu nao muito tempo atras que arrependeu-se do neoliberalismo iniciado e divulgado por ela. Portanto, somos humanos, temos que dar direito uns aos outros a errar. Mas jamais nos esquecamos que a Petrobras tem uma alma brasileira, cujo nome eh: Monteiro Lobato e sua campanha: “O Petroleo eh Nosso”. Tudo o que fizermos por ela hoje sera gracas a ele, porque, sem ele, todos o barris de petroleo produzidos no Brasil seriam de empresas multinacionais.
Bom, eu nao sou tao bom em economia para descobrir de onde o sr. tirou as porcentagens e valores citados em relacao ao salario minimo. Eu sei que o salario minimo rodou em torno do equivalente a US$ 65.00. Parece que no final do seu governo ele chegou a US$ 87.00. Atualmente esta em torno de US$ 280.00. Eh dificil para mim enxergar 47,4% de valorizacao entre 1995 a 2002 e apenas 40,5% de 2003 a 2009.
A unica coisa que tenho a dizer-lhe sr. ex-presidente que, em seu tempo, era comum a gente sair para o trabalho e voltar com o equivalente a um ou dois salarios minimos do Brasil no bolso. Mesmo para fazer os trabalhos mais humildes. Atualmente, e isso nao se da em funcao do pais aqui estar em crise, tem que se ter um trabalho mais especial para receber US$ 280.00. Nos melhores tempos, salvo engano, eu consegui isso apenas uma vez na vida.
Se o rendimento medio mensal dos trabalhadores foi de R$ 1.200,00 no periodo de 1993 a 1997, o que eu vim cheirar aqui nos Estados Unidos?! O sr. se confundiu sr. ex-presidente. Essa deve ser a renda circunscrita a Sao Paulo e Brasilia. Porque o resto do pais todo estava usando a unica saida possivel para o povo, ou seja, os portoes dos aeroportos. Eh isso mesmo. Hoje em dia temos gente aqui do Oiapoque ao Chui, e de Fernando de Noronha ao Acre. Sem nenhuma excecao para contar a historia.
Quanto aa questao da quebra do monopolio dos medicamentos para tratamento da AIDS, voces realmente deram uma dentro. Isso eh reconhecido. O problema eh que cerca de 80% das internacoes no pais ocorriam por um problema ate relativamente facil de ser resolvido. Era a questao de ma nutricao. Mais conhecida na intimidade por fome. Consequencia de salarios que nao podiam ser elevados para nao quebrar a previdencia. Ora, naquele tempo eu me lembro de duas pessoas fazendo das tripas coracao para combate-la. E os nomes deles sao: D. Zilda Arns e Betinho de Souza. Nao enxergo Fernando Henrique Cardoso em nenhum momento.
Como o sr., sr. ex-presidente quer acusar a administracao petista de roubar a autoria do bolsa familia, ou melhor, o PT nao reclama para si o que nao eh dele, ele avisa que melhorou, e muito, o que ja havia sido posto. Pois bem o sr. nao pode ter esquecido que antes dos “bolsa” criados durante o seu governo, existia um projeto do senador Eduardo Suplicy parado no congresso que era o Renda Minima. Este projeto propunha um abono governamental a todas as familias com renda abaixo de um nivel mais elevado. Pois entao, nao se esqueca que a sua base governista aa epoca reprovou esse projeto, justamente para nao deixar que alguem de outro partido levasse o credito pelos criados, a posteriori, projetos “bolsa”.
Sr. ex-presidente. O sr. nao pode nunca esquecer que nao criou, porem, expandiu consideravelmente a multinacional DNASA. A DNASA eh a DEUS NOS ACUDA S/A. Empresa multinacional brasileira especializada em servicos gerais e sanitarios no exterior. Uma empresa que nao pegou dinheiro algum no BNDS, BB, CAIXA ECONOMICA ou em qualquer lugar. Ela foi mantida pelos brasileiros desesperados que sairam do pais, com todo os riscos de morte e tudo o mais. Que sem a reciprocidade de nada tornou-se um dos mais investidores no Brasil. Foi a responsavel por tirar muita gente da miseria. Envia dinheiro sem nenhum custo para o pais. Presta assistencia a milhoes de empobrecidos. Esta sim o sr. contribuiu bastante para que crescesse.
O sr., sr. ex-presidente abriu o mercado brasileiro sim, mas tambem criou o desemprego que botou muita gente no mundo. Nao diga apenas que o sr. abriu o mercado, porque o sr. nao deu o dinheiro ao pobre para que ele usufruisse dos bens. Nos viemos busca-lo. Ate ha poucos dias dizia-se que o bolsa familia so servia para comprar votos. Entao sr. ex-presidente, e disso que o sr. esta atras para o seu candidato?
Me desculpe a ousadia sr. ex-presidente, no mais humilde da minha insignificancia, mas vou plagiar o deputado eleito Romario que disse aquilo a respeito do Pele: “calado o sr. tem sido um filosofo.” (Nao estou aqui sendo mal educado como o rei Juan Carlos, desejo continuar a ouvi-lo porque nunca se sabe de onde vira uma perola de sabedoria). Nao me admira que o candidato de sua agremiacao tenha evitado te-lo como companheiro de palanque.
Talvez seja por isso que voces tem reclamado das comparacoes feitas pela coordenacao de campanha da candidata Dilma. Quanto a isso o problema nao esta nos senhores mas em nos mesmos. Nos nao entendemos de filosofia e bla-bla-bla. Por sermos “da cozinha” eh mais facil para nos compreendermos as coisas quanto umas sao mostradas juntas, lado-a-lado.
Eu jamais mandarei esquecer o que escrevo. Poderei vir a reconhecer que errei em algum ponto. Quando isso acontecer, pedirei perdao sim, pelo meu erro, porem, guardarei o que escrevi, com a anotacao do que errei ao lado. Creio que isso me fara melhor pessoa dai para frente porque nunca me esquecerei que tambem erro.
Sr. Fernando Henrique Cardoso, com todo o respeito que devemos pela pessoa humana que o sr. eh, no reconhecimento que todos os seres humanos podem e devem errar na tentativa de fazer uma construcao correta em suas vidas, acredito que, sem o desejar, o sr. terminou se tornando a materializacao do mote oposicionista contra Getulio Vargas. O sr. se tornou “o pai dos pobres. E a mae dos ricos”.
O sr. nunca foi um mal sociologo. Talvez tenha lhe faltado viver a vida de ter ganho o salario que o povo recebia durante o seu governo, para tornar-se perfeito. Tambem nao foi o pior presidente do mundo. Dos que conheci o sr. foi o segundo melhor. O que talvez tenha lhe faltado foi conhecer de perto o povo e nao atraves das vidracas dos palacios. O sr. seria perfeito se nao tivesse sido assim.
Sr. ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi bom o sr. lembrar-nos do nosso defeito de fazermos comparacoes. Acabo de recordar que os institutos IBGE e DIEESE publicaram que a administracao de V. Exa. terminou com crescimento negativo na economia. E, em contrapartida, a administracao Lula esta terminando com numeros positivos. Como o sr. pode ver, tai o motivo pelo qual o povo resolveu nao dar continuidade aa sua administracao e sim resolveu mudar.
A administracao do sr. presidente Lula recebeu sim, um navio fazendo agua e sem rumo. E ela, arregacando as mangas da camisa rasgada, atirou fora a agua, tapou o buraco e deu rumo ao navio. Desde entao o rumo tem se mantido.
O que fica obvio agora eh que os srs. sim, estao querendo apossar-se do trabalho alheio, intitulando-se autores de todas as ideias. Ora, se a administracao do presidente Lula apenas deu sequencia ao que a V. administracao havia comecado, entao, por que o atual candidato de seu partido tem usado o mote de que eh preciso mudar? Nos eleitores pensamos que mudancas devam acontecer quando os rumos nao estejam levando a bons resultados, portanto, agora ainda nao eh o momento para mudancas.
Ja foi dito que: “Toda unanimidade eh burra.” Este, como todo dito fabricado e tornado popular que conheco, tem um viez de inverdade. Existe sim pelo menos uma unanimidade que nao acredito ser burra. A unanimidade de que todos queremos o bem para o Brasil. Eu particularmente desejava que essa unanimidade sensibilizasse a coordenacao de campanha do PSDB e coligados.
Eu gostaria que aquela coordenacao atentasse para o fato de que nos fomos um bloco unido contra a ditadura e contra a extrema-direita retrograda. Que ela pensasse mais no Brasil e nao apenas ganhar essa eleicao agora. O uso que esta fazendo de campanha destruidora de reputacoes, com a assessoria da extrema-direita, eh ruim para os dois lados.
A extrema-direita entrou nessa campanha para jogar-nos uns contra os outros. Lembre-se que essa tatica ja funcionou antes. Se continuarmos nos acusando de coisas que nao entram no contexto do Programa de Desenvolvimento do Brasil, o povo pensara que nenhum dos dois lados presta. E a consequencia eh que a extrema-direita ficara capitalizada para substituir-nos no futuro. Nao sigam os exemplos recentes dos Estados Unidos e da Franca. As campanhas negativas so ajudarao o pior.
Os bichos estao aa solta. Eles nao tem memoria. Cuidado apenas com os elefantes!!!!
Lieturas que indico para as eleicoes para o II turno de 2010.
A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma/ Leonardo Boff
O DIRECIONAMENTO RELIGIOSO ERRADO NAS QUESTOES ELEITORAIS BRASILEIRAS.
Marilena Chauí: Serra representa ameaça à democracia e aos direitos sociais
http://www.edital.com.br/site/noticia.asp?lang=pT&cod=51495
http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/aiatola-serra-vai-apedrejar-a-soninha-html#more=4187
http://www.sejaditaverdade.net/blog2/?p=2194
http://luisnassifonline.blog.uol.com.br
http://aterceiramargemdosena.opsblog.org/2010/10/12/para-voce-que-nao-votou-na-dilma/
DESSE PONTO PARA BAIXO REPRODUZO O QUE RECEBI ANTERIORMENTE.
Sera que aparecera algum vermelho para contestar este artigo? Duvido!!!!!
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou neste domingo, nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, outro artigo que parece extenso. Chega-se, entretanto, ao ponto final em três minutos. Saboreie um texto que melhora o domingo de todos com mais de 15 neurônios.
SEM MEDO DO PASSADO
Fernando Henrique Cardoso
O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, auto glorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.
Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?
A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo?
Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.
Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.
Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.
Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.
Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobrás, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010. “Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobrás produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”.
O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.
Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.
É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).
Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.
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